4 de janeiro de 2010

1000 DIAS NO GELO - SAGA POLAR -1893-1896



Era uma idéia bizarra: botar um navio para congelar no oceano Ártico e se deixar levar no gelo à deriva até o polo Norte.

 The Polar Ship Fram (Frammuseet)

Quando as coisas não saíram como o planejado, o norueguês FridtJof Nansen partiu de trenó junto com um companheiro rumo a um lugar a que ninguém havia chegado antes.

Em um fiorde gelado, a uma curta distância de balsa do centro da cidade, Oslo criou uma espécie de cemitério nacional para navios famosos. É uma coisa bem norueguesa - que outro país construiria criptas abertas ao público para alojar seus mais bem-amados barcos de modo a venerá-los para sempre? Ali, na península de Bygdøy, os visitantes podem passar dias zanzando por esplêndidos museus, que abrigam antigos navios vikings, barcos pesqueiros do século 19 e até o Kon-Tiki, a famosa jangada do navegador Thor Heyerdahl. Mas o que mais chama atenção é uma estrutura pontiaguda que se ergue da linha-d'água em forma de uma enorme letra A. Lá dentro jaz uma robusta escuna de madeira, construída em 1892.  
File:Amundsen-Fram.jpg

Fram, que significa "adiante", é, talvez, o mais famoso barco da longa história náutica norueguesa e um ícone da exploração polar. Não há nada nessa arca bojuda que possa sugerir as exasperantes odisseias que enfrentou. A história de Fram é uma moderna saga nórdica, uma história de provações e façanhas da inteligência cara à identidade nacional norueguesa. O barco é em si mesmo um assombro de engenharia. Seu casco reforçado já suportou três anos espremido pelo gelo do Ártico. Fazendo jus ao nome assertivo que exibe na proa, o Fram foi mais longe pelas latitudes geladas adentro que qualquer outro barco antes dele.
O dínamo humano por trás do Fram - o brilhante cientista e explorador que encomendou sua construção e liderou a viagem inaugural às brumas polares - tornou-se um patriarca da nação. Seu nome é Fridtjof Nansen, e hoje não é tão conhecido fora da Noruega como outros aventureiros polares - Peary, Scott e Amundsen -, muito embora devesse ser. Nansen foi o pai da moderna exploração polar. Todos os demais são seus epígonos.
File:Fridtjof Nansen LOC 03377u.jpg

Nansen era loiro, de pele clara e constituição sólida, dono de olhar gélido e rosto truculento que destoava do refinamento de seu intelecto. Ele passava ao largo dos tipos quixotescos sedentos de glória, característicos de boa parte da era dourada da exploração dos polos. Pode-se chamá-lo de um "viking da renascença": era um bem-dotado escritor, um disputado conferencista, um zoólogo de primeira grandeza e um proeminente estadista. Dominando com fluência ao menos cinco línguas, hábil com uma câmera fotográfica, ele fez belos mapas e ilustrações, manteve copiosa correspondência científica e trouxe um componente de rigor cerebral a todas as suas explorações. Um cientista alemão seu contemporâneo, o anatomista Wilhelm Waldeyer, disse que Nansen "sabia lidar com um microscópio tão bem quanto com picaretas de gelo e esquis", e suas conquistas científicas incluem um revolucionário ensaio sobre a natureza do sistema nervoso central.


Em 1888, Nansen capitaneou a primeira travessia da Groenlândia - um "passeio de esqui", como ele dizia com seu típico ar blasé -, mas perdeu o último barco para casa, o que o forçou a passar o inverno caçando focas e convivendo com os groenlandeses. Essa experiência foi a base de seu aclamado relato, A Primeira Travessia da Groenlândia, publicada em 1890, e de uma vívida obra etnológica, A Vida Esquimó. Na sequência de suas aventuras na Groenlândia, ele tornou-se um destacado proselitista da prática do esqui. No Museu Holmenkollen Ski, em Oslo, Nansen é representado como uma divindade agasalhada em peles e assentada num par de esquis, um patriarca do esporte nacional da Noruega.
Entre tantos feitos de Nansen, foi a jornada do Fram entre 1893 e 1896 que conferiu carga dramática a sua história de vida. A expedição ancorava-se numa ideia tão exótica que as maiores autoridades polares da época, incluindo a Real Sociedade Geográfica, a consideraram suicida. O cientista deliberadamente se fez ao mar pensando em se deixar aprisionar no Ártico - ou, como ele dizia, "entregarmo-nos ao gelo".


Nansen procurava avançar em relação a uma viagem anterior que havia terminado em desastre. Em 1879, o vapor americano USS Jeannette viu-se aprisionado na massa de gelo acima da Sibéria. Ficou à deriva no Ártico por 21 meses, antes de ser esmagado pela pressão do gelo e naufragar, em 13 de junho de 1881. Embora a tripulação tenha empreendido uma valente arrancada até a Sibéria, mais da metade dos 33 homens da expedição polar pereceu. Entretanto, três anos depois, artefatos que pertenciam ao Jeannette foram levados pela maré até a costa da Groenlândia, depois de vagar pelas correntezas, presos no gelo, por milhares de quilômetros.
Ao ler sobre isso, Nansen indagou se a forte correnteza de leste a oeste que passa pelo Ártico poderia ser utilizada para se chegar ao polo Norte, ou pelo menos perto. Assim nasceu uma ideia. Diz Roland Huntford, o biógrafo de Nansen, que esta era uma noção pouco ortodoxa: "Prestar atenção às forças da natureza e tentar trabalhar com elas, em vez de contrariá-las".
A chave, é claro, estava em construir um barco bem mais resistente que o Jeannette. Em 1891, Nansen contratou um brilhante arquiteto naval norueguês de ascendência escocesa chamado Colin Archer. O projeto de Archer introduzia um curioso casco arredondado sem quilha pronunciada e dotado de fossos que permitiam içar o leme e a hélice em segurança no caso de esmagamento pelo gelo. O espaço de carga era reforçado com poderoso madeiramento. Para manter os exploradores aquecidos, Nansen isolou o navio com feltro espesso, pelo de rena, aparas de cortiça e alcatrão. Para enfrentar a longa noite polar, instalou um moinho de vento para fornecer eletricidade a lâmpadas de arco voltaico. Sob o deque havia um salão acolhedor e uma biblioteca que Nansen proveu com cerca de 600 volumes bem escolhidos.
Quando Nansen declarou o barco pronto para a viagem, sua mulher, Eva, às vistas de milhares de simpatizantes no cais de Oslo, batizou o Fram. Com uma tripulação de 13 membros e provisões para cinco anos, o explorador partiu, no verão de 1893, rumo às Novas Ilhas Siberianas.
Como era esperado, o Fram logo se viu preso no gelo, em setembro. A pressão contra o casco era intensa; a agitação e o atrito do gelo incessantes produziam barulhos medonhos. "O ruído não parou de aumentar até que ficou como se todos os tubos de um órgão soassem ao mesmo tempo", escreveu Nansen. O gelo, como ele anotou dois dias depois, "está fazendo o possível para moer o Fram até ele virar poeira". Mas a embarcação suportou com facilidade esse tremendo aperto e se elevou, intacto, das profundezas do gelo. Com o tempo, o cientista viria a "rir do gelo; estamos vivendo como se o barco fosse uma castelo inexpugnável".
O Fram seguiu com as banquisas na direção do polo à rangente velocidade de uns poucos quilômetros por dia. A despeito de vários incidentes - inclusive um ataque de urso-polar que deixou um tripulante mordido e dois cães mortos -, os primeiros dois anos da jornada foram tranquilos. Os homens comiam bem no tépido e luminoso salão, onde um órgão automático tocava nas longas noites árticas e as luminárias elétricas, como Nansen anotou, "agiam sobre nosso espírito como goles de um bom vinho".
Os homens publicavam o próprio jornal, faziam excursões de esqui no gelo como exercício e realizavam sondagens de profundidade e outras mensurações. O tédio era um companheiro constante, mas os homens não padeciam de outros males. "Eu mesmo", escreveu Nansen, "nunca levei uma vida mais sibarita que esta."
expedition

No começo do segundo ano, todavia, começava a parecer que o Fram não chegaria ao polo. Para atingir o objetivo, Nansen teria de sair num estirão pelo gelo com trenós e cães. Ele escolheu um companheiro, Hjalmar Johansen, e, em março de 1895, ambos abandonaram o navio.

Uma salva de canhão troou pelos ares quando os esquiadores, rebocando três trenós com dois caiaques, em companhia de 28 cães, rumaram para o norte. Nansen e Johansen logo se viram encrencados por causa do terreno impraticável, de falhas no equipamento e das banquisas em movimento que anulavam seu progresso. As provisões escasseavam, e eles passaram a sacrificar os cães mais fracos para alimentar os restantes. Em abril, eles haviam viajado o mais ao norte que conseguiram: 86° 14' N. Embora ainda estivessem a 364 quilômetros do polo, os dois haviam se aventurado na maior latitude que qualquer ser humano antes deles. Foi o maior avanço individual em 400 anos de exploração ártica.
Nansen prometera a Eva voltar vivo para casa, e isso era mais importante que o risco de morte - e de imortalidade - no polo. "Você está pensando em mim", escreveu ele em seu diário. "Seus pensamentos voam para o norte através da desolação. Eles não sabem onde me encontrar."
Eis que Nansen, por prudência, dá meia-volta na expedição. Os dois homens não rumam para o Fram, que, de todo jeito, já derivou para longe do alcance deles, mas sim para o distante arquipélago da Terra de Francisco José, mil quilômetros ao sul. A viagem desesperada que empreenderam por cima das banquisas com certeza deve estar entre as mais terríveis maratonas polares jamais levadas a cabo. Durante meses, eles foram matando os cães que sobraram (cortando-lhes a garganta para economizar munição). Num momento crítico, viram-se forçados a comer mingau de sangue canino. "Se eu disser que estava bom, estarei mentindo", escreveu Johansen. "Mas a coisa desceu, e isso é o que importa."
Durante o verão de 1895, Nansen e Johansen procuraram em vão pela Terra de Francisco José. "Passamos um trimestre vagando nesse deserto de gelo", desesperava-se Nansen, "e ainda estamos aqui." Viajando às vezes de esqui, outras a pé ou de caiaque, eles lidaram com infindáveis labirintos de placas de gelo soltas, separadas por hiatos de água coalhada de gelo derretendo. O cientista reconhecia que nem ele nem Johansen  tinham "qualquer perspectiva de prosseguir, com provisões que vão diminuindo rapidamente e mais nada agora para se apanhar ou caçar..."
Por fim, em 6 de agosto, os dois homens chegaram a uma ilha - primeira terra em que puseram os pés em mais de dois anos -, e a sorte mudou. Caçando urso-polar e morsa, eles logo arranjaram um monte de carne fresca, recuperando as forças. Esgueirando-se rumo ao sul, perceberam, em 26 de agosto, que teriam de passar mais um inverno ártico longe de casa. Usando um patim quebrado de trenó como picareta, Nansen e Johansen construíram uma toca. Ali permaneceram pelos nove meses seguintes, dividindo o mesmo saco de dormir ensebado, o que lhes fornecia mais calor, e subsistindo à base de consomê de urso-polar e carne de urso frita na gordura de morsa. Imobilizados por circunstâncias tão severas, eles mantiveram a sanidade mental admiravelmente intacta. "Nós não brigávamos", diria Johansen mais tarde. "O único senão é que eu tinha o mau hábito de roncar... Nansen costumava me cotucar as costas."
Quando chegou o degelo da primavera, Nansen e Johansen aventuraram-se a abandonar sua choça. Eles seguiram para o sul de esqui e caiaque num trajeto tortuoso através do arquipélago. Quando uma morsa virou o caiaque de Nansen, eles aportaram na ilha Northbrook para se secar. Ali se prepararam para uma perigosa jornada em mar aberto até Spitsbergen, onde acreditavam que seriam resgatados por algum barco baleeiro ou de caça às focas. Mas eis que, em 17 de junho, o cientista pensou ter ouvido um barulho familiar vindo de algum lugar da vastidão congelada: o latido de um cão. E partiu sozinho em seu par de esquis, perseguindo o som. Ele escreveu: "De repente, julguei ter ouvido um grito humano... Meu coração disparou, o sangue afluiu ao cérebro... Gritei com toda a força dos meus pulmões". Lá longe, sem dúvida nenhuma, havia outro ser humano. Nansen aproximou-se da figura e logo os dois homens desfrutaram de um memorável momento à la Stanley-Livingstone, quando o repórter Henry Stanley, comissionado por um jornal inglês, encontrou às margens do lago Tanganica, na África, o famoso doutor Livingstone, explorador e antiescravagista há anos desaparecido nas florestas africanas.
"O senhor não é Nansen?", disse o homem, em inglês, examinando o ensebado e fuliginoso farrapo humano à sua frente. "Sim, sou eu. Por Júpiter! Estou contente em vê-lo!" "Que tremenda viagem o senhor fez", disse o homem ao cientista norueguês. "Estou feliz em ser a primeira pessoa a congratular o senhor em seu retorno."
O homem que resgatou Nansen era o explorador britânico Frederick George Jackson, que, por coincidência, havia se encontrado com o cientista quatro anos antes, em Londres. Jackson tinha navegado em seu barco, o Windward, até a Terra de Francisco José como estágio preparatório a sua tentativa de atingir o polo. O explorador não estava procurando por Nansen, mas sabia que o norueguês poderia estar nas vizinhanças.
E, no entanto, todas as probabilidades eram contra esse encontro numa ilha tão desolada. Se Jackson não tivesse aparecido naquele momento, Nansen e Johansen poderiam ter morrido. Jackson acolheu os dois homens em sua cabana, onde aguardaram o Windward, enviado à Inglaterra no ano anterior em busca de suprimentos, no qual voltaram direto para casa.
Quando Nansen e Johansen chegaram à Noruega, no verão de 1896, era como se eles estivessem voltando do lado escuro da Lua. A recepção como heróis que tiveram se tornou ainda mais doce uma semana depois, ao chegar a notícia de que o Fram, sob o comando do capitão Otto Sverdrup, havia se liberado do gelo ártico e retornado em segurança naquele mesmo mês.
Pouco importa que Nansen não tenha atingido seu objetivo de alcançar o apogeu da Terra. Ele chegou perto, realizando isso com estilo e graça, e numa época em que seus compatriotas, ainda sob o domínio da Suécia, ansiavam por um herói norueguês. E foi testemunho de sua antevisão e bom julgamento o fato de que nenhum tripulante da expedição tenha morrido.


À parte ter provado a teoria da corrente polar, Nansen fez uma importante descoberta a respeito do Ártico: era um mar profundo recoberto por uma camada de gelo em movimento constante - e quase vazia de massas de terra. O Ártico era, em outras palavras, um oceano.
Uma das muitas características admiráveis da personalidade de Nansen, rara num explorador, é que ele sabia quando desistir. Sentindo que seus dias aventureiros tinham chegado ao fim, ele deixou a corrida pelo polo nas mãos de Peary, Scott e seu patrício norueguês Amundsen (que, de fato, levou o Fram à Antártica, usando-o de trampolim para a sua histórica viagem inaugural ao polo Sul).
Nansen, de seu lado, lançou-se em áreas novas: oceanografia, metereologia, diplomacia. Em 1906, um ano após a Noruega ter conquistado sua independência da Suécia, ele tornou-se o primeiro embaixador de seu país no Reino Unido.
Depois da morte de Eva, Nansen cortejou uma série de beldades internacionais ao mesmo tempo que perseverava em uma carreira humanitária. Nomeado alto comissário para a Liga das Nações, ele ajudou a repatriar prisioneiros de guerra e a resolver crises de refugiados na Turquia e na Rússia, na sequência da Primeira Guerra Mundial - um trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1922.
Nansen morreu de ataque cardíaco, em 1930, na sacada de sua mansão-castelo em Lysaker, na periferia de Oslo, onde suas cinzas estão enterradas debaixo de uma lápide simples no jardim. Tinha 69 anos. A casa, chamada de Polløgda, é hoje um instituto voltado para políticas de energia e meio ambiente, além de abrigar um pequeno museu. No escritório do cientista podem ser vistos artefatos da sua época de explorador: diagramas e mapas embolorados, um par de "óculos de sol" do povo inuit e um tapete de pele de urso-polar. Dali também se pode avistar, através de espessas florestas, o gélido fiorde onde o Fram, agora patrimônio da Noruega, se fez ao mar e onde repousa em sua esplêndida tumba. A cadeira de sua escrivaninha, voltada para a janela, defronta com a única direção que Fridtjof Nansen conheceu em vida - adiante.
 

E, no entanto, todas as probabilidades eram contra esse encontro numa ilha tão desolada. Se Jackson não tivesse aparecido naquele momento, Nansen e Johansen poderiam ter morrido. Jackson acolheu os dois homens em sua cabana, onde aguardaram o Windward, enviado à Inglaterra no ano anterior em busca de suprimentos, no qual voltaram direto para casa.
Quando Nansen e Johansen chegaram à Noruega, no verão de 1896, era como se eles estivessem voltando do lado escuro da Lua. A recepção como heróis que tiveram se tornou ainda mais doce uma semana depois, ao chegar a notícia de que o Fram, sob o comando do capitão Otto Sverdrup, havia se liberado do gelo ártico e retornado em segurança naquele mesmo mês.
Pouco importa que Nansen não tenha atingido seu objetivo de alcançar o apogeu da Terra. Ele chegou perto, realizando isso com estilo e graça, e numa época em que seus compatriotas, ainda sob o domínio da Suécia, ansiavam por um herói norueguês. E foi testemunho de sua antevisão e bom julgamento o fato de que nenhum tripulante da expedição tenha morrido.
À parte ter provado a teoria da corrente polar, Nansen fez uma importante descoberta a respeito do Ártico: era um mar profundo recoberto por uma camada de gelo em movimento constante - e quase vazia de massas de terra. O Ártico era, em outras palavras, um oceano.
Uma das muitas características admiráveis da personalidade de Nansen, rara num explorador, é que ele sabia quando desistir. Sentindo que seus dias aventureiros tinham chegado ao fim, ele deixou a corrida pelo polo nas mãos de Peary, Scott e seu patrício norueguês Amundsen (que, de fato, levou o Fram à Antártica, usando-o de trampolim para a sua histórica viagem inaugural ao polo Sul). Nansen, de seu lado, lançou-se em áreas novas: oceanografia, metereologia, diplomacia. Em 1906, um ano após a Noruega ter conquistado sua independência da Suécia, ele tornou-se o primeiro embaixador de seu país no Reino Unido. Depois da morte de Eva, Nansen cortejou uma série de beldades internacionais ao mesmo tempo que perseverava em uma carreira humanitária. Nomeado alto comissário para a Liga das Nações, ele ajudou a repatriar prisioneiros de guerra e a resolver crises de refugiados na Turquia e na Rússia, na sequência da Primeira Guerra Mundial - um trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1922.
Nansen morreu de ataque cardíaco, em 1930, na sacada de sua mansão-castelo em Lysaker, na periferia de Oslo, onde suas cinzas estão enterradas debaixo de uma lápide simples no jardim. Tinha 69 anos. A casa, chamada de Polløgda, é hoje um instituto voltado para políticas de energia e meio ambiente, além de abrigar um pequeno museu. No escritório do cientista podem ser vistos artefatos da sua época de explorador: diagramas e mapas embolorados, um par de "óculos de sol" do povo inuit e um tapete de pele de urso-polar. Dali também se pode avistar, através de espessas florestas, o gélido fiorde onde o Fram, agora patrimônio da Noruega, se fez ao mar e onde repousa em sua esplêndida tumba. A cadeira de sua escrivaninha, voltada para a janela, defronta com a única direção que Fridtjof Nansen conheceu em vida - adiante. 

http://viajeaqui.abril.com.br/ng/materias/ng_materia_410420.shtml?page=1

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