29 de janeiro de 2010

Telescópio detecta buraco negro gigante engolindo estrela

O telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), detectou em outra galáxia o buraco negro mais distante já encontrado.
O corpo celeste está acompanhado por uma estrela que, em breve, será engolida pelo próprio buraco negro.
Com uma massa 15 vezes maior que a massa do Sol, este buraco negro também é o segundo maior buraco negro de massa estelar já encontrado.
Este buraco negro foi encontrado em uma galáxia em formato de espiral, chamada NGC 300, a seis milhões de anos luz da Terra.
"Esta é o buraco negro de massa estelar mais distante já pesado, e é o primeiro que vemos fora de nossa vizinhança galáctica, o Grupo Local (grupo de galáxias que inclui a Via-Láctea)", afirmou Paul Crowther, professor de astrofísica na Universidade de Sheffield, Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.
O parceiro do buraco negro é uma estrela do tipo Wolf-Rayet, que também tem uma massa cerca 20 vezes a massa do Sol. As Wolf-Rayet são estrelas que já estão perto do fim de suas vidas e expulsam a maior parte de suas camadas superiores para a região que as cerca antes de explodirem como supernovas, com seus núcleos implodindo para formar buracos negros.
Os buracos negros de massa estelar são extremamente densos, os restos do colapso de estrelas muito grandes. Estes buracos negros têm massas que chegam até a 20 vezes a massa do Sol. Até o momento, 20 destes buracos negros de massa estelar já foram encontrados.
Por outro lado, buracos negros maiores são encontrados no centro da maioria das galáxias e podem pesar entre milhões e bilhões de vezes a massa do Sol.
Dança
As informações coletadas pelo telescópio do ESO mostram que o buraco negro e a estrela Wolf-Rayet dançam um em volta do outro em períodos de 32 horas. Os astrônomos também descobriram que, enquanto eles orbitam em volta um do outro, o buraco negro está arrancando matéria da estrela.
"Este é, sem dúvida, um 'casal íntimo'. Como um sistema com uma ligação tão forte foi formado ainda é um mistério", afirmou um dos colaboradores da pesquisa Robin Barnard.
Outros sistemas com um buraco negro e uma estrela como companheira não são desconhecidos dos astrônomos.
Baseados nestes sistemas, os astrônomos conseguem ver uma conexão entre a massa do buraco negro e a química das galáxias.
"Notamos que os maiores buracos negros tendem a ser encontrados em galáxias menores que contem menos elementos químicos pesados", afirmou Paul Crowther.
"Galáxias maiores, que são mais ricas em elementos pesados, como a Via Láctea, apenas produzem buracos negros de massas menores."
Os astrônomos acreditam que uma maior concentração de elementos químicos pesados influencia como uma grande estrela evolui, aumentando a quantidade de matéria que perde, o que resulta em um buraco negro menor quando os restos da estrela finalmente entram em colapso.
Em menos de um milhão de anos será a vez da estrela Wolf-Rayet se transformar em uma supernova e, então, se transformar em um buraco negro.
"Se o sistema sobreviver a esta segunda explosão, os dois buracos negros vão se fundir, emitindo grandes quantidades de energia na forma de ondas gravitacionais", conclui Crowther.
No entanto, de acordo com os astrônomos, serão necessários alguns bilhões de anos até que os dois cheguem a se fundir.
http://noticias.br.msn.com/mundo/artigo-bbc.aspx?cp-documentid=23345518

23 de janeiro de 2010

A PEQUENA IDADE DO GELO




Uma cena no gelo de Hendrick Avercamp (1585 - 1634), Países Baixos. O frio extremo do inverno de 1608 que inspirou esta cena foi típico durante o período de 1565 a 1665.

A Pequena Idade do Gelo (Little Ice Age) foi um período de arrefecimento que ocorreu na Era Moderna. Os climatologistas não estão de acordo sobre as datas de início e fim deste período. Alguns defendem que teria iniciado no século XVI e terminado na primeira metade do século XIX, enquanto que outros sugerem um período do século XIII ao século XVII. Teria sido nos anos 1650, 1770 e 1850 que ocorreram os mínimos de temperatura, cada um separado por intervalos ligeiramente mais quentes.

 Foi no século XVII, devido à Pequena Idade do Gelo, que os Vikings abandonaram a Groenlândia, cuja vegetação passou de verdejante a tundra. A Finlândia perdeu então um terço da sua população e a Islândia metade. Na Inglaterra, o Tamisa gelou (pela primeira vez em 1607, pela última em 1814). No Inverno de 1780, a zona fluvial de Nova Iorque gelou e podia-se ir a pé da ilha de Manhattan à de Staten Island, tendo sido bloqueadas as ligações comerciais por via marítima.

Alguns investigadores acreditam que o aquecimento atual do planeta corresponde a um período de recuperação após a Pequena Idade do Gelo e que a atividade humana não é um fator decisivo para a atual tendência de aumento da temperatura global.

No entanto, esta tese é combatida pela maioria da comunidade científica e pelos ambientalistas em razão da grande proporção da elevação da temperatura nas recentes décadas após a Revolução Industrial.


Fenômenos naturais tais como variação solar combinados com vulcões provavelmente levaram a um leve efeito de aquecimento de épocas pré-industriais até 1950, mas um efeito de resfriamento a partir dessa data. 

Essas conclusões básicas foram endossadas por pelo menos 30 sociedades e comunidades científicas, incluindo todas as academias científicas nacionais dos principais países industrializados

A Associação Americana de Geologistas de Petróleo, e alguns poucos cientistas individuais não concordam em partes. Mangini publicou resultados em que o aumento da radiação solar faz parte do aquecimento global das últimas décadas.




Esta teoria ganhou fama devido às intensas discussões sobre o aquecimento global divulgado no meio científico, e de fato verifica-se assim, que ao longo dos séculos há ciclos temporários de queda de temperatura precedidas por períodos de aquecimento, e isto deve-se a prolongada atividade solar. 

Esta teoria contraria a opinião da maioria das organizações de defesa do meio-ambiente, e boa parte da comunidade científica, mas mesmo entre estes há quem a defenda e ainda afirme que a atual atividade industrial não influencia de forma determinante no clima do planeta, que ao longo dos séculos passou por períodos de aquecimento e esfriamento, colocando assim o efeito estufa como um fator secundário e não determinante para o aquecimento global.


20 de janeiro de 2010

TREMORES DE TERRA NO BRASIL de Paulo Fabrício Moreira


Sem avaliações
Os terremotos são conhecidos como tremores de terra ou formalmente, abalos sísmicos. O terremoto é um abalo violento do solo que dura de um a dois minutos. O chão começa a tremer e provoca o desmoronamento de casas, os móveis caem e os vidros quebram.

Eles fazem parte de um processo endógeno da Terra, na qual faz-se uma vibração na superfície devido a forças naturais no interior da crosta terrestre.

Os terremotos sempre estiveram presentes no planeta, sendo que um grande número deles ocorrem em solo marinho ou regiões desabitadas.

 POR QUE E COMO OCORREM ?
A Terra é formada por camadas; a hidrosfera, a atmosfera e a litosfera. Esta última é a camada mais rígida da Terra e divide-se em partes menores chamadas placas tectônicas. As principais causas de um terremoto são:
· movimento das placas tectônicas (causa principal e que causam mais danos)
· erupção vulcânica (raros casos em que causam danos)
· impactos de meteoros (muito raro)
· desmoronamento de grandes estruturas (desabamento de cavernas, minas)

O movimento das placas tectônicas faz com que essas placas choquem umas nas outras, formando assim uma tensão nas bordas das placas. Quando a energia se concentra em alto nível e não suporta reprimir as forças acumuladas internamente, ocorre a emissão dessa energia que é liberada sob forma de ondas elásticas, chamadas de ondas sísmicas.

Essas ondas podem se espalhar em todas as direções fazendo a terra vibrar intensamente, ocasionando os terremotos. Alberto Veloso, (2006) nos dá uma definição específica sobre este fenômeno:

A maioria dos terremotos resulta de processo geológico que tem seu clímax quando ondas sísmicas sacodem o chão após uma quebra no terreno. Tal processo pode tardar dezenas ou centenas de anos para se desenvolver, e sabemos também que os terremotos se repetem; eles costumam acontecer em locais onde ocorreram anteriormente. Não é impossível que tremores fortes tenham sacudido nosso país no passado, e poderiam voltar a acontecer nos dias atuais.

 ESCALA RICHTER
A escala Richter é um sistema criado por dois americanos, a cerca de setenta anos para medir os movimentos sísmicos na Califórnia. Charle Richter e Bueno Gutemberg desenvolveram um sistema que mede a potência de um tremor em determinado lugar.

A escala Richter é pontuada de um a nove. Cada grau corresponde a ondas dez vezes mais fortes, a uma potência trinta vezes superior. Assim, por exemplo, um terremoto de grau nove na escala Richter é 900 vezes mais potente que um tremor de grau sete.

Intensidade ou magnitude dos terremotos:
· Menos de 3,5 – não é percebido pelas pessoas;
· 3,5 a 5,4 – freqüentemente não se sente mas pode causar danos;
· 5,5 a 6,0 – causa pequenos danos, principalmente em edifícios mal construídos;
· 6,1 a 6,9 – pode causar danos graves, principalmente em lugares muito povoados;
· 7,0 a 7,9 – terremoto de grandes proporções com danos graves muitas mortes;
· 8,0 ou mais – destruição total do local atingido e afeta lugares vizinhos.

TERREMOTOS NO BRASIL?
A pouca incidência de terremotos no Brasil é proveniente de sua localização no centro da placa Sul-americana. Justamente por isso, acreditou-se que nosso país estivesse a salvo de terremotos, mas a recente história sismográfica brasileira nos mostra o contrário.

Confira alguns tremores registrados:
· São Paulo – 1922 – 5,1 pontos na escala Richter;
· Espírito Santo – 1955 – 6,3 pontos na escala Richter;
· Mato Grosso – 1955 – 6,6 pontos na escala Richter;
· Ceará – 1980 – 5,2 pontos na escala Richter;
· Amazonas – 1983 – 5,5 pontos na escala Richter;
· Rio Grande do Norte – 1986 – 5,1 pontos na escala Richter;
· Minas Gerais – 2007 – 4,9 pontos na escala Richter.

Segundo Ronaldo Decicino (2002): "Os tremores que ocorrem em nosso país decorrem da existência de falhas (pequenas rachaduras) causadas pelo desgaste da placa tectônica ou são reflexos de terremotos com epicentro em outros países da América Latina."

FALHAS GEOLÓGICAS
Um estudo feito em 2002, coordenado pelo professor Saadi (UFMG), culminou com a apresentação do primeiro mapa neotectônico do Brasil. Nele, Saadi e sua equipe identificaram pelo menos 48 falhas-mestras no território nacional. E é justamente ao longo do traçado dessas falhas que se concentram as ocorrências de terremotos.

O professor Saadi (2002) ainda explica que:
Toda placa é recortada por vários pequenos blocos, de várias dimensões. Esses recortes, ou falhas, funcionam como uma ferida que não cicatriza: apesar de serem antigos, podem se abrir a qualquer momento para liberar energia. Se você tem um bloco recortado e o comprime de um lado e de outro, ele rompe onde já existe a fratura.

AS REGIÕES MAIS PROPENSAS
O maior número de falhas se concentra nas regiões Sudeste e Nordeste, seguidas pela região Norte e Centro-oeste. A região Sul é a que apresenta o menor número de falhas.

A partir da análise de mapas topográficos e geológicos, verifica-se que o Nordeste é a região que mais sofre com abalos sísmicos. O segundo ponto de maior índice de abalos sísmicos no Brasil é o Acre.

Mesmo quem mora em outras regiões não deve se sentir imune a esse fenômeno natural. Embora grande parte dos sismos brasileiros sejam de pequena magnitude, a história tem mostrado que, mesmo em regiões tranqüilas podem acontecer grandes terremotos. 


 MINAS GERAIS TREMEU
Com o auxílio do mapa neotectônico do Brasil, podemos ver que o Estado de Minas Gerais é cortado por diversas falhas geológicas: BR24, 25, 26, 27, 28, 29 e BR47. Chama a atenção à falha BR47, localizada no norte do Estado e situada à margem esquerda do rio São Francisco, exatamente abaixo da cidade de Itacarambi, onde em 9 de dezembro de 2007 ocorreu um dos maiores tremores registrados no Brasil.

O abalo derrubou 76 casas, condenou várias outras e levou a óbito uma criança, a primeira vítima de terremotos da nossa história. Este tremor de intensidade de 4,9 graus na escala Richter, não tem uma explicação definitiva, mas é provável que o agente causador seja a falha geológica localizada a cinco quilômetros abaixo da superfície.

CONCLUSÃO
Os terremotos sempre existiram e sempre irão existir. Não existe uma fórmula de contê-los, cabe a nós saber conviver e lidar com este fenômeno da natureza. Sabemos, por exemplo, que um terremoto pode causar: vibração do solo, abertura de falhas, deslizamento de terra, tsunamis e até a mudança na rotação da Terra.

O importante é saber o que fazer em caso de terremotos, eis algumas dicas:
· quando estiver nas ruas tente se afastar de fios de alta tensão e postes;
· não utilize elevadores, você pode ficar preso e não é raro os casos de incêndio em terremotos;
· se estiver dentro de casa, proteja-se debaixo de uma mesa e procure sair o mais rápido possível para um lugar aberto;
· afaste-se de paredes e prédios;
· o mais importante é não entrar em pânico. Tentar agir com a cabeça fria e procure sempre um lugar aberto.

 REFERÊNCIAS
VELOSO, Alberto.Qual o Perigo de Nossos Terremotos? 2006. Disponível em:
. Acesso em: 5 out. 2008.
DECICINO, Roberto. Regiões Brasileiras e Abalos Sísmicos. 2002. Disponível em:
. Acesso em: 5 out. 2008.
SAADI, Allaoua. Falhas Geológicas Brasileiras. 2007. Disponível em: . Acesso em: 5 out. 2008.

http://www.webartigos.com/articles/11284/1/tremores-de-terra-no-brasil/pagina1.html

16 de janeiro de 2010

ECLIPSE ANULAR DO SOL - 15/JAN/2010



Milhares de pessoas na África e na Ásia assistiram a um eclipse anular do Sol nesta sexta-feira, 15. 



A rota do eclipse começou na África, passando pelo Chade, a República Democrática do Congo, Uganda, Quênia e Somália antes de cruzar o Oceano Índico, onde atingiu o ponto máximo. A duração máxima da anularidade – quando a sombra da Lua aparece centralizada sobre o disco solar -, foi de mais de 11 minutos, a maior prevista para este milênio. 
 
Uma duração superior só é esperada para 3043, segundo a Nasa. O eclipse prosseguiu pela Ásia, onde foi visível nas Maldivas, sul da Índia, partes do Sri Lanka, Mianmar e China.
Texto: Carlos Orsi
Edição de imagens: Nilton Fukuda

http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/eclipse-solar/

vídeo:
http://terratv.terra.com.br/Especiais/Noticias/4416-266494/Eclipse-Solar-e-visto-em-varias-partes-do-mundo.htm

13 de janeiro de 2010

TERREMOTO DO HAITI FOI CAUSADO POR DESLIZAMENTO ENTRE PLACAS



O mundo presenciou na noite de ontem (13/jan) uma das mais impressionantes forças da natureza, materializada na forma de um poderoso terremoto de 7.0 graus de magnitude ocorrido no sul da Ilha de Hispaniola, próximo a Porto Príncipe, no Haiti. Ainda não se conhece exatamente a extensão da tragédia, mas devido à localidade e condições estruturais do país o número de mortos deverá ser muito alto



O abalo ocorreu às 19h53 pelo horário de Brasília (17h53 hora local) e foi localizado10 km abaixo do nível do mar, sob as coordenadas 18.45N e 72.44W, aproximadamente a 15 km do sudoeste de Porto Príncipe e 145 km a oeste-noroeste de Barahona, na República Dominicana. Devido às características do tremor, o Centro de Alertas de Tsunamis do Pacífico emitiu alerta de ondas gigantes para a Região do Caribe, mas uma hora depois foi suspenso.



 Dezenas de aftershocks (réplicas que ocorrem após um terremoto de grande porte) foram registradas logo após o evento, com 33 terremotos registrados nas 10 horas seguintes, um deles medindo 5.9 graus de magnitude. Cálculos mostram que o evento principal de 7.0 graus liberou a energia equivalente a 3 gigatoneladas de TNT, similar à detonação de 200 mil bombas atômicas iguais às que caíram sobre Hiroshima, em 1945.


Placas tectônicas
O terremoto que ocorreu no Haiti foi provocado pelo deslizamento e compressão entre as placas tectônicas norte-americana e caribenha. Ali, a placa caribenha se move em sentido leste a 20 milímetros por ano com relação à placa superior. Além do deslocamento entre as duas placas, o local em que ocorreu o sismo é também compartilhado por outro sistema de falhas, composto pela falha Setentrional ao norte do Haiti e a falha Enriquillo-Plaintain, no sul do país, que também apresentam movimentos de escorregamento e compressão entre si à razão de 7 milímetros por ano.

 http://www.apolo11.com/terremotos_globais.php?posic=dat_20100113-092817.inc

10 de janeiro de 2010

ESPELHO MARCADOR DE CONSUMO D'ÁGUA




Lavar o rosto pela manhã nunca foi tão educativo quanto em frente ao espelho de banheiro idealizado pelo designer Jim Kim. Com LEDs acionados pelo fluxo da água que sai da torneira da pia, o espelho acusa quanta água é utilizada diária, mensal e anualmente.

Os dados coletados ao longo do ano formam uma espécie de gráfico que mostra o impacto do usuário sobre o planeta, de que forma seu consumo afeta os ecossistemas, os ursos polares e as crianças, por exemplo, e diz se ele conseguiu se tornar mais sustentável com o tempo. E se a demanda por água for intensa demais, a oferta pode até mesmo ser limitada por um mecanismo acoplado à pia.

Conta aí: quando o assunto é economia de água, você está mais para madrasta malvada ou para Branca de Neve? O que o seu espelho te diz?

7 de janeiro de 2010

MONITOR DE LCD VÊ O QUE O USUÁRIO FAZ, DISPENSANDO TECLADO E MOUSE


Conhecendo a distância de cada objeto, torna-se possível usar esses objetos - as mãos, por exemplo - para executar tarefas na própria tela, interpretando os gestos como comandos.

Interface e scanner 3D
Um monitor de LCD comum pode ser modificado para "ver" o mundo à sua frente, em 3D.
Isto significa que um usuário poderá controlar os objetos que estão sendo mostrados na tela simplesmente mexendo seus braços no ar, sem tocar a tela, como nos monitores sensíveis ao toque.
"Este é um nível de interação que ninguém jamais foi capaz de fazer antes", diz Ramesh Raskar, do laboratório Media Lab, do MIT, um dos engenheiros que criou o protótipo do monitor que enxerga.
A tela - batizada de BiDi, uma abreviatura para bidirecional - permite que os usuários manipulem ou interajam com objetos na tela em três dimensões. Além disso, a tela pode funcionar como um scanner 3D: "Se você girar um objeto na frente da tela, o software vai capturar uma imagem 3D," disse Raskar à revista New Scientist.
Outras tecnologias que buscam imitar a ficção de filmes como Minority Report usam câmeras para monitorar os gestos do usuário - veja Lançada interface acionada por gestos.

Técnicas para que um monitor enxergue
Recentemente, pesquisadores da Universidade de Cambridge desenvolveram um sistema de sensores que pode ser incorporado em óculos e monitores de LCD, transformando-os em sensores ópticos - veja O futuro será das telas 3-D de cristal líquido.

Empresas fabricantes de LCD também estão apostando em suas próprias versões desse conceito, incorporando receptores de luz entre as camadas que compõem a tela.
Mas, por enquanto, a "visão" oferecida por esses esquemas é bastante ruim, como as imagens captadas por uma câmera sem lentes. Colocar minúsculas lentes diretamente na frente de cada sensor óptico poderia ser uma solução, mas a camada de lentes prejudicaria a imagem do monitor.
Os pesquisadores do MIT demonstraram que o mesmo resultado pode ser obtido com o próprio mecanismo nativo das telas de cristal líquido.

Sensores dentro do monitor
O brilho de cada pixel de um LCD é controlado por uma camada de cristais líquidos, que se movimentam para controlar fisicamente a quantidade de luz, vinda do backlight da tela, que chega aos olhos do usuário.
No monitor BiDi, a equipe utilizou esta função para controlar também a luz que passa na outra direção, vinda do ambiente externo e atingindo uma camada de sensores colada atrás da tela - nesta posição, a camada de sensores não prejudica a imagem normal da tela.
Quando a tela está no modo "olhando", a maioria dos seus pixels são desligados pelos cristais líquidos. Mas uma grade de centenas de pixels, regularmente espalhados sobre a superfície de toda a tela, usa os cristais líquidos para criar pequenos buracos, que funcionam como a lente da câmara escura, focalizando uma imagem da cena sobre uma película fina e translúcida, localizada alguns centímetros atrás do LCD.
Essas imagens são capturadas por uma câmera dentro BiDi, permitindo que o dispositivo saiba o que está acontecendo à sua frente.

Imagens estereoscópicas
É claro que os pixels da tela LCD devem continuar fazendo o seu trabalho normal de apresentação das imagens para o usuário. Para isso, eles alternam entre as duas tarefas várias vezes por segundo, rápido demais para que o usuário perceba a interrupção na imagem.
Como são usados vários pixels de observação ao redor da tela, torna-se possível reconstruir imagens estereoscópicas, usando uma pequena quantidade de informação de cada uma das imagens captadas.
Vários pares de imagens estereoscópicas permitem a geração de imagens altamente focalizadas de cada objeto defronte à tela, o que possibilita o cálculo da distância de cada um desses objetos.
Conhecendo a distância de cada um, torna-se possível usar esses objetos - as mãos, por exemplo - para executar tarefas na própria tela, interpretando os gestos como comandos.

Filmes do protótipo da tela BiDi em ação podem ser vistos no endereço: web.media.mit.edu/~mhirsch/bidi/.

NOVA TÉCNICA PARA ESTUDAR BALEIAS COM MÉTODOS NÃO LETAIS


Austrália e Nova Zelândia unem esforços em 

investigação científica inofensiva


A Baleia-anã é uma das três espécies a ser estudada
 Três espécies de baleias das águas da Antárctida vão ser estudadas com métodos científicos não letais. Cientistas neozelandeses e australianos unem esforços numa tentativa de desafiar o programa japonês de caça aos cetáceos e provar a Tóquio que não precisa de matar baleias para as estudar.

É já no inicio do próximo mês que 18 investigadores embarcam no "Tangaroa" rumo à Antárctida para estudar, durante seis semanas, as populações de baleias-anãs, baleias-de-bossa e baleias-azuis. O objectivo central do estudo é tentar perceber como é que estas espécies estão a enfrentar os efeitos das alterações climáticas, noticia a BBC online.

Nick Gales, da Australian Antarctic Division e responsável por esta expedição, garante que “toda a informação relevante para a conservação e gestão das baleias pode ser recolhida com métodos não letais novos e muito eficazes”.

Vão ser tiradas muitas fotografias e usados instrumentos acústicos para registar os sons emitidos pelos cetáceos. Além disto, serão utilizadas espingardas de ar comprimido com setas para recolher amostras de gordura e de pele e ainda transmissores que permitem seguir os animais por satélite.

Da exploração à protecção

A frota japonesa partiu em Novembro para mais uma época de caça à baleia nas águas da Antárctida, sendo que a meta para 2009/2010 é caçar 850 baleias-anãs e 50 baleias-comuns.





Estes animais têm sido caçados desde tempos remotos. Há mesmo registos de pinturas rupestres em rochas do sul da Coreia com cerca de 8 mil anos. Da simples actividade de recolecção, a caça à baleia foi-se estendendo a áreas oceânicas. Percebeu-se que o crescimento natural das espécies não acompanhava o ritmo da caça e foi fundada a Comissão Baleeira Internacional (CBI), instituição criada pela ONU para proteger as baleias da caça comercial e à qual o Japão pertence.

Apesar da moratória à caça comercial da baleia, Tóquio continua a matar baleias alegando fins científicos, uma excepção prevista pela CBI. Contudo, vários países acusam o Japão de estar apenas a encobrir a venda e consumo de carne de baleia.

A expedição que segue no próximo mês para a Antárctida “vai demonstrar ao mundo que não precisamos de matar baleias para as estudar e compreender”,



comentou em Junho Peter Garrett, ministro australiano do Ambiente, aquando do lançamento da campanha.

6 de janeiro de 2010

POLO MAGNÉTICO ESTÁ SE DESLOCANDO MAIS RÁPIDO

Apesar de simples, usar corretamente uma bússola exige
uma série de conhecimentos básicos, que vão desde 
conhecer os pontos cardeais até a declinação magnética
do local em que o observador está. O problema é que o 
polo magnético da Terra não é um local fixo e à medida 
que o tempo passa sua localização muda, fazendo com 
que os mapas tenham que ser atualizados constantemente 
para refletir esta alteração.








Gráfico mostra a localização dos polos norte e sul magnéticos, 
em comparação aos polos norte e sul geográficos. Para cada 
localidade da Terra a leitura da bússola precisa ser corrigida 
para coincidir com os meridianos impressos nos mapas.

O motivo dessa atualização é que as cartas usam um 
sistema de meridianos que cruzam os polos geográficos, mas 
os polos magnéticos não estão no centro desses polos. 
Atualmente, o polo magnético norte se encontra próximo 
à ilha canadense de Ellesmere e o polo sul na ilha de 
Vitória na Antártida. Como as bússolas indicam o norte 
magnético, faz-se necessária a correção para que se saiba 
onde fica o norte geográfico. 

O polo norte magnético foi descoberto em 1831, mas 
em 1904 os cientistas constataram que sua posição havia
se deslocado para nordeste e que continuava a se 
movimentar constantemente cerca de 15 km por ano nessa 
direção. Em 1989 os pesquisadores perceberam que a 
velocidade de deslocamento havia acelerado e em 2007 foi 
confirmado que a velocidade havia passado de 55 km/ano e 
que rumava muito rapidamente em direção à Sibéria, na 
Rússia. 

Segundo o cientista Arnaud Chulliat, ligado ao Instituto de 
Física do Globo, de Paris, os modelos sugerem que existe uma 
região de magnetismo em rápida transformação na superfície
do núcleo terrestre, possivelmente criada por um misterioso 
manto de magnetismo proveniente do interior do núcleo. No 
entender do pesquisador, essa região pode estar deslocando o
polo magnético de sua antiga posição no norte do Canadá e 
levando até a Sibéria.

Dínamo
O campo magnético terrestre é gerado pela rotação do metal

líquido ao redor do núcleo de ferro sólido e altamente 
aquecido existente no centro da Terra, criando um fenômen
conhecido como "efeito dínamo". Os especialistas acreditam 
que a mudança da localização do polo norte magnético ocorre 
devido a esse movimento, que altera a posição das linhas
magnéticas. 

Apesar da pesquisa de Chulliat sustentar essa idéia, o
pesquisador não afirma que o polo norte poderá um dia se 
deslocar para a Rússia. Além disso, ninguém sabe quando e 
onde novas mudanças no núcleo poderão se manifestar, 
fazendo o norte magnético se mover rumo a uma nova direção.
"É muito difícil prever", disse Chulliat, que apresentou seu 
trabalho em um encontro da União Geofísica Americana.

http://www.apolo11.com/curiosidades.php?posic=dat_20100105-095824.inc

4 de janeiro de 2010

1000 DIAS NO GELO - SAGA POLAR -1893-1896



Era uma idéia bizarra: botar um navio para congelar no oceano Ártico e se deixar levar no gelo à deriva até o polo Norte.

 The Polar Ship Fram (Frammuseet)

Quando as coisas não saíram como o planejado, o norueguês FridtJof Nansen partiu de trenó junto com um companheiro rumo a um lugar a que ninguém havia chegado antes.

Em um fiorde gelado, a uma curta distância de balsa do centro da cidade, Oslo criou uma espécie de cemitério nacional para navios famosos. É uma coisa bem norueguesa - que outro país construiria criptas abertas ao público para alojar seus mais bem-amados barcos de modo a venerá-los para sempre? Ali, na península de Bygdøy, os visitantes podem passar dias zanzando por esplêndidos museus, que abrigam antigos navios vikings, barcos pesqueiros do século 19 e até o Kon-Tiki, a famosa jangada do navegador Thor Heyerdahl. Mas o que mais chama atenção é uma estrutura pontiaguda que se ergue da linha-d'água em forma de uma enorme letra A. Lá dentro jaz uma robusta escuna de madeira, construída em 1892.  
File:Amundsen-Fram.jpg

Fram, que significa "adiante", é, talvez, o mais famoso barco da longa história náutica norueguesa e um ícone da exploração polar. Não há nada nessa arca bojuda que possa sugerir as exasperantes odisseias que enfrentou. A história de Fram é uma moderna saga nórdica, uma história de provações e façanhas da inteligência cara à identidade nacional norueguesa. O barco é em si mesmo um assombro de engenharia. Seu casco reforçado já suportou três anos espremido pelo gelo do Ártico. Fazendo jus ao nome assertivo que exibe na proa, o Fram foi mais longe pelas latitudes geladas adentro que qualquer outro barco antes dele.
O dínamo humano por trás do Fram - o brilhante cientista e explorador que encomendou sua construção e liderou a viagem inaugural às brumas polares - tornou-se um patriarca da nação. Seu nome é Fridtjof Nansen, e hoje não é tão conhecido fora da Noruega como outros aventureiros polares - Peary, Scott e Amundsen -, muito embora devesse ser. Nansen foi o pai da moderna exploração polar. Todos os demais são seus epígonos.
File:Fridtjof Nansen LOC 03377u.jpg

Nansen era loiro, de pele clara e constituição sólida, dono de olhar gélido e rosto truculento que destoava do refinamento de seu intelecto. Ele passava ao largo dos tipos quixotescos sedentos de glória, característicos de boa parte da era dourada da exploração dos polos. Pode-se chamá-lo de um "viking da renascença": era um bem-dotado escritor, um disputado conferencista, um zoólogo de primeira grandeza e um proeminente estadista. Dominando com fluência ao menos cinco línguas, hábil com uma câmera fotográfica, ele fez belos mapas e ilustrações, manteve copiosa correspondência científica e trouxe um componente de rigor cerebral a todas as suas explorações. Um cientista alemão seu contemporâneo, o anatomista Wilhelm Waldeyer, disse que Nansen "sabia lidar com um microscópio tão bem quanto com picaretas de gelo e esquis", e suas conquistas científicas incluem um revolucionário ensaio sobre a natureza do sistema nervoso central.


Em 1888, Nansen capitaneou a primeira travessia da Groenlândia - um "passeio de esqui", como ele dizia com seu típico ar blasé -, mas perdeu o último barco para casa, o que o forçou a passar o inverno caçando focas e convivendo com os groenlandeses. Essa experiência foi a base de seu aclamado relato, A Primeira Travessia da Groenlândia, publicada em 1890, e de uma vívida obra etnológica, A Vida Esquimó. Na sequência de suas aventuras na Groenlândia, ele tornou-se um destacado proselitista da prática do esqui. No Museu Holmenkollen Ski, em Oslo, Nansen é representado como uma divindade agasalhada em peles e assentada num par de esquis, um patriarca do esporte nacional da Noruega.
Entre tantos feitos de Nansen, foi a jornada do Fram entre 1893 e 1896 que conferiu carga dramática a sua história de vida. A expedição ancorava-se numa ideia tão exótica que as maiores autoridades polares da época, incluindo a Real Sociedade Geográfica, a consideraram suicida. O cientista deliberadamente se fez ao mar pensando em se deixar aprisionar no Ártico - ou, como ele dizia, "entregarmo-nos ao gelo".


Nansen procurava avançar em relação a uma viagem anterior que havia terminado em desastre. Em 1879, o vapor americano USS Jeannette viu-se aprisionado na massa de gelo acima da Sibéria. Ficou à deriva no Ártico por 21 meses, antes de ser esmagado pela pressão do gelo e naufragar, em 13 de junho de 1881. Embora a tripulação tenha empreendido uma valente arrancada até a Sibéria, mais da metade dos 33 homens da expedição polar pereceu. Entretanto, três anos depois, artefatos que pertenciam ao Jeannette foram levados pela maré até a costa da Groenlândia, depois de vagar pelas correntezas, presos no gelo, por milhares de quilômetros.
Ao ler sobre isso, Nansen indagou se a forte correnteza de leste a oeste que passa pelo Ártico poderia ser utilizada para se chegar ao polo Norte, ou pelo menos perto. Assim nasceu uma ideia. Diz Roland Huntford, o biógrafo de Nansen, que esta era uma noção pouco ortodoxa: "Prestar atenção às forças da natureza e tentar trabalhar com elas, em vez de contrariá-las".
A chave, é claro, estava em construir um barco bem mais resistente que o Jeannette. Em 1891, Nansen contratou um brilhante arquiteto naval norueguês de ascendência escocesa chamado Colin Archer. O projeto de Archer introduzia um curioso casco arredondado sem quilha pronunciada e dotado de fossos que permitiam içar o leme e a hélice em segurança no caso de esmagamento pelo gelo. O espaço de carga era reforçado com poderoso madeiramento. Para manter os exploradores aquecidos, Nansen isolou o navio com feltro espesso, pelo de rena, aparas de cortiça e alcatrão. Para enfrentar a longa noite polar, instalou um moinho de vento para fornecer eletricidade a lâmpadas de arco voltaico. Sob o deque havia um salão acolhedor e uma biblioteca que Nansen proveu com cerca de 600 volumes bem escolhidos.
Quando Nansen declarou o barco pronto para a viagem, sua mulher, Eva, às vistas de milhares de simpatizantes no cais de Oslo, batizou o Fram. Com uma tripulação de 13 membros e provisões para cinco anos, o explorador partiu, no verão de 1893, rumo às Novas Ilhas Siberianas.
Como era esperado, o Fram logo se viu preso no gelo, em setembro. A pressão contra o casco era intensa; a agitação e o atrito do gelo incessantes produziam barulhos medonhos. "O ruído não parou de aumentar até que ficou como se todos os tubos de um órgão soassem ao mesmo tempo", escreveu Nansen. O gelo, como ele anotou dois dias depois, "está fazendo o possível para moer o Fram até ele virar poeira". Mas a embarcação suportou com facilidade esse tremendo aperto e se elevou, intacto, das profundezas do gelo. Com o tempo, o cientista viria a "rir do gelo; estamos vivendo como se o barco fosse uma castelo inexpugnável".
O Fram seguiu com as banquisas na direção do polo à rangente velocidade de uns poucos quilômetros por dia. A despeito de vários incidentes - inclusive um ataque de urso-polar que deixou um tripulante mordido e dois cães mortos -, os primeiros dois anos da jornada foram tranquilos. Os homens comiam bem no tépido e luminoso salão, onde um órgão automático tocava nas longas noites árticas e as luminárias elétricas, como Nansen anotou, "agiam sobre nosso espírito como goles de um bom vinho".
Os homens publicavam o próprio jornal, faziam excursões de esqui no gelo como exercício e realizavam sondagens de profundidade e outras mensurações. O tédio era um companheiro constante, mas os homens não padeciam de outros males. "Eu mesmo", escreveu Nansen, "nunca levei uma vida mais sibarita que esta."
expedition

No começo do segundo ano, todavia, começava a parecer que o Fram não chegaria ao polo. Para atingir o objetivo, Nansen teria de sair num estirão pelo gelo com trenós e cães. Ele escolheu um companheiro, Hjalmar Johansen, e, em março de 1895, ambos abandonaram o navio.

Uma salva de canhão troou pelos ares quando os esquiadores, rebocando três trenós com dois caiaques, em companhia de 28 cães, rumaram para o norte. Nansen e Johansen logo se viram encrencados por causa do terreno impraticável, de falhas no equipamento e das banquisas em movimento que anulavam seu progresso. As provisões escasseavam, e eles passaram a sacrificar os cães mais fracos para alimentar os restantes. Em abril, eles haviam viajado o mais ao norte que conseguiram: 86° 14' N. Embora ainda estivessem a 364 quilômetros do polo, os dois haviam se aventurado na maior latitude que qualquer ser humano antes deles. Foi o maior avanço individual em 400 anos de exploração ártica.
Nansen prometera a Eva voltar vivo para casa, e isso era mais importante que o risco de morte - e de imortalidade - no polo. "Você está pensando em mim", escreveu ele em seu diário. "Seus pensamentos voam para o norte através da desolação. Eles não sabem onde me encontrar."
Eis que Nansen, por prudência, dá meia-volta na expedição. Os dois homens não rumam para o Fram, que, de todo jeito, já derivou para longe do alcance deles, mas sim para o distante arquipélago da Terra de Francisco José, mil quilômetros ao sul. A viagem desesperada que empreenderam por cima das banquisas com certeza deve estar entre as mais terríveis maratonas polares jamais levadas a cabo. Durante meses, eles foram matando os cães que sobraram (cortando-lhes a garganta para economizar munição). Num momento crítico, viram-se forçados a comer mingau de sangue canino. "Se eu disser que estava bom, estarei mentindo", escreveu Johansen. "Mas a coisa desceu, e isso é o que importa."
Durante o verão de 1895, Nansen e Johansen procuraram em vão pela Terra de Francisco José. "Passamos um trimestre vagando nesse deserto de gelo", desesperava-se Nansen, "e ainda estamos aqui." Viajando às vezes de esqui, outras a pé ou de caiaque, eles lidaram com infindáveis labirintos de placas de gelo soltas, separadas por hiatos de água coalhada de gelo derretendo. O cientista reconhecia que nem ele nem Johansen  tinham "qualquer perspectiva de prosseguir, com provisões que vão diminuindo rapidamente e mais nada agora para se apanhar ou caçar..."
Por fim, em 6 de agosto, os dois homens chegaram a uma ilha - primeira terra em que puseram os pés em mais de dois anos -, e a sorte mudou. Caçando urso-polar e morsa, eles logo arranjaram um monte de carne fresca, recuperando as forças. Esgueirando-se rumo ao sul, perceberam, em 26 de agosto, que teriam de passar mais um inverno ártico longe de casa. Usando um patim quebrado de trenó como picareta, Nansen e Johansen construíram uma toca. Ali permaneceram pelos nove meses seguintes, dividindo o mesmo saco de dormir ensebado, o que lhes fornecia mais calor, e subsistindo à base de consomê de urso-polar e carne de urso frita na gordura de morsa. Imobilizados por circunstâncias tão severas, eles mantiveram a sanidade mental admiravelmente intacta. "Nós não brigávamos", diria Johansen mais tarde. "O único senão é que eu tinha o mau hábito de roncar... Nansen costumava me cotucar as costas."
Quando chegou o degelo da primavera, Nansen e Johansen aventuraram-se a abandonar sua choça. Eles seguiram para o sul de esqui e caiaque num trajeto tortuoso através do arquipélago. Quando uma morsa virou o caiaque de Nansen, eles aportaram na ilha Northbrook para se secar. Ali se prepararam para uma perigosa jornada em mar aberto até Spitsbergen, onde acreditavam que seriam resgatados por algum barco baleeiro ou de caça às focas. Mas eis que, em 17 de junho, o cientista pensou ter ouvido um barulho familiar vindo de algum lugar da vastidão congelada: o latido de um cão. E partiu sozinho em seu par de esquis, perseguindo o som. Ele escreveu: "De repente, julguei ter ouvido um grito humano... Meu coração disparou, o sangue afluiu ao cérebro... Gritei com toda a força dos meus pulmões". Lá longe, sem dúvida nenhuma, havia outro ser humano. Nansen aproximou-se da figura e logo os dois homens desfrutaram de um memorável momento à la Stanley-Livingstone, quando o repórter Henry Stanley, comissionado por um jornal inglês, encontrou às margens do lago Tanganica, na África, o famoso doutor Livingstone, explorador e antiescravagista há anos desaparecido nas florestas africanas.
"O senhor não é Nansen?", disse o homem, em inglês, examinando o ensebado e fuliginoso farrapo humano à sua frente. "Sim, sou eu. Por Júpiter! Estou contente em vê-lo!" "Que tremenda viagem o senhor fez", disse o homem ao cientista norueguês. "Estou feliz em ser a primeira pessoa a congratular o senhor em seu retorno."
O homem que resgatou Nansen era o explorador britânico Frederick George Jackson, que, por coincidência, havia se encontrado com o cientista quatro anos antes, em Londres. Jackson tinha navegado em seu barco, o Windward, até a Terra de Francisco José como estágio preparatório a sua tentativa de atingir o polo. O explorador não estava procurando por Nansen, mas sabia que o norueguês poderia estar nas vizinhanças.
E, no entanto, todas as probabilidades eram contra esse encontro numa ilha tão desolada. Se Jackson não tivesse aparecido naquele momento, Nansen e Johansen poderiam ter morrido. Jackson acolheu os dois homens em sua cabana, onde aguardaram o Windward, enviado à Inglaterra no ano anterior em busca de suprimentos, no qual voltaram direto para casa.
Quando Nansen e Johansen chegaram à Noruega, no verão de 1896, era como se eles estivessem voltando do lado escuro da Lua. A recepção como heróis que tiveram se tornou ainda mais doce uma semana depois, ao chegar a notícia de que o Fram, sob o comando do capitão Otto Sverdrup, havia se liberado do gelo ártico e retornado em segurança naquele mesmo mês.
Pouco importa que Nansen não tenha atingido seu objetivo de alcançar o apogeu da Terra. Ele chegou perto, realizando isso com estilo e graça, e numa época em que seus compatriotas, ainda sob o domínio da Suécia, ansiavam por um herói norueguês. E foi testemunho de sua antevisão e bom julgamento o fato de que nenhum tripulante da expedição tenha morrido.


À parte ter provado a teoria da corrente polar, Nansen fez uma importante descoberta a respeito do Ártico: era um mar profundo recoberto por uma camada de gelo em movimento constante - e quase vazia de massas de terra. O Ártico era, em outras palavras, um oceano.
Uma das muitas características admiráveis da personalidade de Nansen, rara num explorador, é que ele sabia quando desistir. Sentindo que seus dias aventureiros tinham chegado ao fim, ele deixou a corrida pelo polo nas mãos de Peary, Scott e seu patrício norueguês Amundsen (que, de fato, levou o Fram à Antártica, usando-o de trampolim para a sua histórica viagem inaugural ao polo Sul).
Nansen, de seu lado, lançou-se em áreas novas: oceanografia, metereologia, diplomacia. Em 1906, um ano após a Noruega ter conquistado sua independência da Suécia, ele tornou-se o primeiro embaixador de seu país no Reino Unido.
Depois da morte de Eva, Nansen cortejou uma série de beldades internacionais ao mesmo tempo que perseverava em uma carreira humanitária. Nomeado alto comissário para a Liga das Nações, ele ajudou a repatriar prisioneiros de guerra e a resolver crises de refugiados na Turquia e na Rússia, na sequência da Primeira Guerra Mundial - um trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1922.
Nansen morreu de ataque cardíaco, em 1930, na sacada de sua mansão-castelo em Lysaker, na periferia de Oslo, onde suas cinzas estão enterradas debaixo de uma lápide simples no jardim. Tinha 69 anos. A casa, chamada de Polløgda, é hoje um instituto voltado para políticas de energia e meio ambiente, além de abrigar um pequeno museu. No escritório do cientista podem ser vistos artefatos da sua época de explorador: diagramas e mapas embolorados, um par de "óculos de sol" do povo inuit e um tapete de pele de urso-polar. Dali também se pode avistar, através de espessas florestas, o gélido fiorde onde o Fram, agora patrimônio da Noruega, se fez ao mar e onde repousa em sua esplêndida tumba. A cadeira de sua escrivaninha, voltada para a janela, defronta com a única direção que Fridtjof Nansen conheceu em vida - adiante.
 

E, no entanto, todas as probabilidades eram contra esse encontro numa ilha tão desolada. Se Jackson não tivesse aparecido naquele momento, Nansen e Johansen poderiam ter morrido. Jackson acolheu os dois homens em sua cabana, onde aguardaram o Windward, enviado à Inglaterra no ano anterior em busca de suprimentos, no qual voltaram direto para casa.
Quando Nansen e Johansen chegaram à Noruega, no verão de 1896, era como se eles estivessem voltando do lado escuro da Lua. A recepção como heróis que tiveram se tornou ainda mais doce uma semana depois, ao chegar a notícia de que o Fram, sob o comando do capitão Otto Sverdrup, havia se liberado do gelo ártico e retornado em segurança naquele mesmo mês.
Pouco importa que Nansen não tenha atingido seu objetivo de alcançar o apogeu da Terra. Ele chegou perto, realizando isso com estilo e graça, e numa época em que seus compatriotas, ainda sob o domínio da Suécia, ansiavam por um herói norueguês. E foi testemunho de sua antevisão e bom julgamento o fato de que nenhum tripulante da expedição tenha morrido.
À parte ter provado a teoria da corrente polar, Nansen fez uma importante descoberta a respeito do Ártico: era um mar profundo recoberto por uma camada de gelo em movimento constante - e quase vazia de massas de terra. O Ártico era, em outras palavras, um oceano.
Uma das muitas características admiráveis da personalidade de Nansen, rara num explorador, é que ele sabia quando desistir. Sentindo que seus dias aventureiros tinham chegado ao fim, ele deixou a corrida pelo polo nas mãos de Peary, Scott e seu patrício norueguês Amundsen (que, de fato, levou o Fram à Antártica, usando-o de trampolim para a sua histórica viagem inaugural ao polo Sul). Nansen, de seu lado, lançou-se em áreas novas: oceanografia, metereologia, diplomacia. Em 1906, um ano após a Noruega ter conquistado sua independência da Suécia, ele tornou-se o primeiro embaixador de seu país no Reino Unido. Depois da morte de Eva, Nansen cortejou uma série de beldades internacionais ao mesmo tempo que perseverava em uma carreira humanitária. Nomeado alto comissário para a Liga das Nações, ele ajudou a repatriar prisioneiros de guerra e a resolver crises de refugiados na Turquia e na Rússia, na sequência da Primeira Guerra Mundial - um trabalho que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1922.
Nansen morreu de ataque cardíaco, em 1930, na sacada de sua mansão-castelo em Lysaker, na periferia de Oslo, onde suas cinzas estão enterradas debaixo de uma lápide simples no jardim. Tinha 69 anos. A casa, chamada de Polløgda, é hoje um instituto voltado para políticas de energia e meio ambiente, além de abrigar um pequeno museu. No escritório do cientista podem ser vistos artefatos da sua época de explorador: diagramas e mapas embolorados, um par de "óculos de sol" do povo inuit e um tapete de pele de urso-polar. Dali também se pode avistar, através de espessas florestas, o gélido fiorde onde o Fram, agora patrimônio da Noruega, se fez ao mar e onde repousa em sua esplêndida tumba. A cadeira de sua escrivaninha, voltada para a janela, defronta com a única direção que Fridtjof Nansen conheceu em vida - adiante. 

http://viajeaqui.abril.com.br/ng/materias/ng_materia_410420.shtml?page=1

2 de janeiro de 2010

BACTERIA VOLTA À VIDA APÓS 120.000 ANOS CONGELADA




Um grupo de cientistas da Universidade Estatal de Pennsylvania encontrou uma bactéria viva, sepultada a 120.000 anos a profundidade de três quilometros no gelo, numa geleira da Groelândia.
A bactéria, pertencente a uma nova espécie, à que chamaram Herminiimonas glacei é minúscula (0,043 micrómetros cúbicos, umas 50 vezes mais pequena do que a nossa conhecida bactéria intestinal Escherichia coli), tecnicamente é uma ultra-micro-bactéria, e o seu tamanho, junto com a sua capacidade de viver em ambientes com muito pouco oxigênio, a sua alta resistência ao frio, e a sua capacidade de diminuir notavelmente o seu metabolismo quando há poucos nutrientes, permitiram-lhe sobreviver com todas as suas funções vitais reduzidas ao mínimo e processando-se terrivelmente devagar.


Os investigadores acham que a bactéria se reproduzia num ciclo de centenas ou milhares de anos, mas, depois de ser mantida nos primeiros seis meses a 2 graus e depois mais de 4 meses a 5 graus, começou a reproduzir-se mais rapidamente, formando colônias. E, aumentando a temperatura até os 18 graus, a bactéria sobreviveu e manteve a sua atividade, o que indica que pode viver em ambientes bem diferentes daquele em que a encontraram.


Este descobrimento ganha maior importância quando temos em conta que as condições nas quais vivia são relativamente semelhantes às que podem ser encontradas nos pólos de Marte, ou no oceano congelado de Europa (satélite de Júpiter), fazendo com que as especulações sobre encontrar vida fora da Terra ganhem um novo argumento.